domingo, 19 de outubro de 2008

sexo com amor

Assistindo a todos os episódios de Sex and the City pela segunda vez. Meu atual namorado-roomate-pai-do-meu-filho (assim como meu ex-marido) acha muito chato. Ele acredita que assistir ao seriado torna as mulheres mais chatas. Realmente, na primeira vez que assisti, Sarah Jessica Parker, a protagonista Carrie, me parecia um pé no saco. Mas sabem, agora não mais. Quer dizer, ela ainda é meio enfadonha às vezes sendo sempre a melhor amiga de todas as outras “sexies girls” e outras cositas más. Dessa vez estou mais aberta à Carrie talvez. Ela é chata, mas é legal. É que ela representa mesmo toda essa chatice que é um protótipo feminino clássico e que todas nós queremos esconder. Claro que não somos só isso, mas somos tudo isso também, umas menos preocupadas com moda, mas com relacionamentos, outras menos com relacionamento, mas com a crítica dos outros, outras em serem boas amigas, outras fabulosas, enfim... mais ou menos todas temos um pouco de Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha. Mas não é possível esquecer que todas elas são passadas ao público através dos olhos de ninguém mais que a própria Carrie. De certa forma, isso acaba tornando a personagem una, como se não conhecêssemos mais nenhuma das outras, apenas Carrie e como ela vê as suas amigas. Sendo assim, se eu gosto das amigas juntas, gosto de Carrie por tabela... Tem algo na maneira como ela retrata as amigas que eu, particularmente, aprecio e compartilho. A personagem de Carrie é mostrada em todas as suas nuances, mas as amigas são mais caricatas: Miranda, a trabalhadora, Charlotte, a ingênua/certinha, Samantha, a safada. Acho interessante pensar sobre esse estilo adotado para contar a história. Não sei como são as outras pessoas no mundo neste quesito, mas quanto a mim, sim, essa é a forma que eu absorvo a personalidade das minhas amigas. Não quero dizer com isso que não sou sensível às nuances de cada uma, pois acredito que sou. Assim como também na série não é apenas a caricatura das amigas que é mostrada. A questão não é essa. Apenas existe um ponto de vista sempre em evidência, que é o da personagem que conta a história. O que torna a narrativa interessante, na minha opinião, é o fato de que esse ponto de vista reflete um olhar muito próximo à forma que o meu psiquismo atua em casos semelhantes. Realmente eu tenho uma caricatura para cada uma das minhas amigas, e, antes que alguém pense que essa prática é fruto de uma atitude muito crítica, quero dizer que é exatamente assim que eu torno cada uma delas tão especial para mim e estabeleço um lugar seguro e salvo para cada uma de quaisquer comparações. Eu tenho minha própria Samantha, minha Miranda e minha Charlotte e tenho frações de cada uma delas espalhadas em outros nomes que serviriam para mais uma dezena de personagens já que eu não tenho que por todas elas em um seriado, certo?
Sex and the City é uma série que, além de NY, fala de relacionamentos e de homens em vozes que soam às vezes pra lá de fúteis. Talvez isso aterrorize nossos respectivos parceiros. Mas querem saber? Adoro tudo que não tem medo de ser. Adoro o que não tem medo de ser fútil, de ser brega, de ser machista, feminista, de ser sexy, depravado, conservador, etc. Não tenho saco para meias palavras em relação à arte e a expressão comunicativa. Ninguém precisa ser uma coisa só, ou uma figura caricata, mas não ter medo de expressar uma caricatura de si, de uma história, de um cenário é fantástico pois muitas vezes é assim que enxergamos o que existe de especial em cada um. Além do mais Sex and the City especializa uma das mais importantes jóias que o mundo feminino pode nos proporcionar: a relação de amor com as nossas amigas. E tenho dito.

Para todas as minhas queridas irmãs do coração.