segunda-feira, 7 de setembro de 2009

nós nos reinventamos...

… e quanto mais eu leio, mais assombração me aparece. Estou no meio do Culture Jam – How to reverse America’s suicidal consumer binge – and why we must, Kalle Lasn. Estou completamente aborrecida e quando dei uma pausa só tinha vontade de ir no shopping comprar uma roupa nova. Estou, até agora, convencida de que a minha escolha em seguir o caminho da estética para falar da Culture Jamming não podia ser mais acertada. A veia situacionista de Lasn é uma chatice sem tamanho. Não existe na leitura dele sobre Debord nenhum senso crítico. Ah, faça-me o favor! A coisa é tão endeusada que ele, no mesmo parágrafo, cita os nomes de Guy Debord, Buda e Johnny Rotten como os profetas do apocalipse da pós-modernidade escrava do espetáculo. Acredito que nessa segunda metade do livro ele deve descrever a Culture Jamming como a ferramenta capaz de quebrar as correntes e libertar a humanidade do simulacro da “Matrix”. Novamente aqui estou eu pensando: “que porra eu faço agora com isso?”. Realmente não tenho a menor vocação para entender o que faz algumas pessoas acreditarem na salvação. Formação cristã? Algum anseio legítimo da alma? O que? Lasn acredita que somente atos espontâneos trarão a salvação. E você acredita na salvação? E em atos espontâneos? Para começar ele deveria inclusive ter definido melhor atos espontâneos. Será que a coisa é tão ingênua a ponto dele crer que atos espontâneos são só aqueles não produzidos pela mídia? Outro ponto é que percebo nessa coisa de salvação um velho pensamento diádico (só pra usar um conceito que aprendi recentemente nas aulas de semiótica hehe): “ou nos salvamos, ou queimaremos no fogo do inferno”. Já que estamos falando de salvadores da pátria, graças ao meu novo programa de mestrado, poderei tentar pensar em Culture Jamming como uma ato revolucionário por outro viés: o da estética. Espero eu que este caminho seja mais florido e feliz em minha jornada acadêmica. Sem querer levantar nenhuma bandeira, mas não consigo acreditar em revoluções que trabalham na esperança de que algum dia “o détournement do signo certo, no lugar certo, na hora certa, pode provocar uma reversão massiva de perspectivas” – Greil Marcus (situacionista). Até porque, em minha opinião, admitir que qualquer comportamento em massa seja possível é automaticamente descartar o tal “ato espontâneo”, ou seja, um contra-senso da própria filosofia do processo. Tem um pedaço do texto “O mal-estar da civilização” que Freud conclui: “Assim, não tenho coragem de me erguer diante de meus semelhantes como um profeta; curvo-me à sua censura de que não lhes posso oferecer consolo algum, pois, no fundo, é isso que todos estão exigindo, e os mais arrebatados revolucionários não menos apaixonadamente do que os mais virtuosos crentes”.

Não sou uma pessimista. Não entro no time dos que não valorizam ações pequenas frente aos grandes problemas. Ao contrário. Acho é que inflacionar essas ações pode promover justamente o seu revés. A Culture Jamming tem muito a oferecer com sua arte, sua desordem, sua estética, suas intervenções para mudanças no cotidiano que, talvez, algum dia, juntamente com outros processos culturais, sociais e econômicos culminem em mudanças mais profundas. E ainda, se assim for, será apenas mais uma mudança de paradigma que antecede à sua próxima.

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