segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

chove enquanto minha filha dorme

Caem raios e soam trovões, lá fora um mundo de perigos. ela dorme no berço, gripadinha, cafungando o nariz abusado que chateia o soninho embalado pela cantiga da chuva. e está escuro aqui dentro. escuro como um céu sem dia, nem noite. escuridão de hora nenhuma, dessas que reclamam solidão e se escondem atrás do armário das lembranças. ela dorme ainda. tem um travessiro rosa-salmão ou pêssego, não sei ao certo, em uma das mãos e outro que lhe apoia as costas. ela sonha, será? sonhos com trilha de chuva e nuvens pêssego. a chuva vai fraquejando. som dos pingos finais do concerto em um delicado gotejar, aqui e acolá. será que ela acorda? que desperte iluminando esse dia cinza e as penumbras que habitam os cantos do meu coração.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

só lágrimas

Lágrimas são bichinhas impertinentes. Elas escorrem a maquiagem, mareiam as vistas, caem no papel, revelam segredos... coisinhas impertinentes as lágrimas. A dor, o amor, a vida, a morte, o riso, o choro, o sono, o despertar, a lágrima. E vem de lá. Põe um colírio para disfarçar. Pode chover, pode gripar. Conjutivite! - O que você vai falar? Chora e não sai lágrima. Viu só? Im-per-ti-nen-te. Secaram... Era um rio azulzinho, mas misturou com o mar. Acabou a água. -Você vem ajudar? Para, para, para! Passou, já passou. As lágrimas foram feitas para alguém enxugar. São as águas dos olhos que se precipitam no olhar. Molham a alma e aquecem um peito. Lágrimas me consolam e me ajudam a dormir.