sexta-feira, 28 de outubro de 2011

mesmices


Eu, que não tenho iphone, ipad, inada, tenho um modelo mais antiguinho do ipod. Retomei o uso dele há mais ou menos um mês (quando voltei a fazer exercícios físicos - um clássico) e percebi como estava com saudade dele assim, só depois de voltar a usá-lo. Tenho dessas. Percebo saudades no momento em que estou justamente, ou supostamente, matando ela. Pois bem, estou aqui, falando do ipod, que é antiguinho no modelo, para dizer que antigo também é o que está lá, guardado nele. Assim, no estilo veinho por dentro e por fora. E quando eu volto a pensar no meu ipod sempre protelo em pegá-lo, pois fico imaginando que eu deveria atualizá-lo, por novas músicas, trocar algumas e tals. Ah, que trabalho chato! Deixo pra lá. Quando eu resolvo pegar ele, do jeito que está mesmo, e começo a ouvir meus velhos “disquinhos”, então entendo tudo. Tudo! Entendo porque eu fico protelando para atualizá-lo, porque eu largo ele de tempos em tempos, porque eu acho um saco trocar os arquivos de música. Entendo mais sobre mim mesma, podem acreditar. Vocês podem não querer saber (então parem de ler aqui, agora. Depois não digam que não avisei), mas eu sou essa: não fico querendo descobrir novos sons, novos artistas, novos discos. Não quero saber nem dos discos novos dos artistas que eu gosto. Aceito surpresas, é claro. Mas não procuro. Não mesmo. Tem que ser muito insistente a novidade pra chegar até a mim. Lembro que com a amy wine house eu cheguei ao absurdo de não querer ouvir, mesmo quando uma amiga colocava e dizia: “- ouve”. E olha, acho que nunca consegui me abrir de fato para ela como poderia ser, se eu não fosse eu. Digo isso porque intuo que poderia me entregar bem mais à Amy se fosse tudo uma questão de gosto apenas. Mas não. A questão aqui é bem mais complexa. Trata-se de uma alma, para meu desgosto, irremediavelmente fiel. Uma fidelidade ridiculamente canina, sabem? Por favor, me deixem com meu velho repertório musical! Mal consigo dar conta dele, por que coisas novas??? (claro que eu sei porquê, mas por que???). Antes que vocês comecem a me crucificar e me cuspirem pelo meu embotamento musical, pelo meu parco conhecimento, que quer se fechar em seu cantinho aconchegante ao invés de explorar novos horizontes, ampliar as “portas da percepção”, deixa eu tentar me explicar. Música, para mim, é como o amor. Gosto das redescobertas. Um jeito de sorrir que eu não tinha reparado antes. Um solo que tinha me escapado. Um olhar distante: “-no que será que ele está pensando?”. Um verso que, de repente, passa a fazer um novo sentido. Penso que reconquistar alguém é muito mais difícil que conquistar pela primeira vez. E penso também que se permitir ser reconquistado (a) é uma tarefa não mais fácil. Permitir que antigas canções me reconquistem tem esse gostinho: de realizar uma tarefa difícil, que às vezes parece até impossível. Não estou querendo dizer que a chegada de novas canções impeça esse momento. É que para mim, fica mais difícil quando eu me perco em mundos de novos estímulos, conseguir me perder nos estímulos conhecidos. E, vou dizer, eu ADORO me perder nos estímulos conhecidos. Eu amo me apaixonar novamente pela mesma pessoa.

sábado, 8 de outubro de 2011

metamorfose

Guarde pra você tudo que mais lhe incomodar. Guarde o que te deixa indignado, desesperado, machucado. Guarde, mas bem guardadinho e não deixe ninguém nunca ver. Esconda de um jeito que mesmo que futuquem (e vão futucar), que escarafunchem, mesmo que roubem o seu diário, mesmo que devassem o seu armário, ainda assim nada se possa encontrar. Bem escondidinhas suas mágoas devem estar em seu casulo a se preparar. Elas se alimentarão de lágrimas, de sonhos, dias de solidão... Numa manhã de chuva, daquelas finas, que surpresa todos terão!

"Borboleta pequenina venha para nos salvar, venha ver quanta alegria que hoje é noite de natal"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

nem hora, nem lugar


E quando os oráculos passam a interessar, as canções de ninar, a história que ninguém mais viu passar, o olho que segue o chão, a roupa folgada pra aconchegar, o canto do sofá... é quando a vida segue em espaços errantes, em tempo de ninguém e as horas não servem mais para marcar. As lembranças se amontoam em um compasso estranho, mas que, de alguma forma, é sempre familiar. E a música é calma, é doce, mas nunca melódica. Carecem de melodia as músicas desse lugar, nessa hora. É preciso que alguém chame por elas, que alguém grite o seu nome. - Música! Então, se faça a música. Preencha o lugar. O peito está vazio, é morada de quem chegar. – Música, vem cá!

Mas para chorar não. Chora-se em silêncio.