Costumo viver o presente e voltar os olhos pro passado. Raramente me adianto no futuro. Não significa com isso que eu queira viver tudo que eu desejo em cada manhã que eu acordo como se não fosse haver outra. Tenho alguma fé de que outros dias virão (sim, porque como minha antiga analista me disse, sabiamente, em uma sessão na qual eu reclamava da minha falta de fé: “viver já é um ato de fé” – essa frase mudou muita coisa
Pois bem, meus caros! Nesses dias em que meu presente é de muita doação a minha filhota que acabou de nascer e para meu filho que se depara com a realidade de estar dividindo o amor da gente com a nova irmã, pouco tempo sobra para os outros, e até mesmo para mim. Nesse meu presente, ainda não sei bem por qual motivo, me pego vivendo o tal futuro que, normalmente, costuma não tomar muito do meu tempo. Ele me chega na ansiedade de ver meus filhos mais independentes, de ver minha individualidade ser resgatada, de saber como será nossa logística nesse novo contexto para que as coisas assumam um cenário minimamente confortável para todos. Se já é difícil conceber uma estrutura confortável a dois em um relacionamento, imaginem a quatro! Muitas vontades, desejos e frustrações a serem levados em conta para administrar. A sensação de que nada será fácil, me leva a essa experiência de viver o tal futuro, mesmo sabendo que o fácil ou o difícil só virá a seu tempo, que é quando virar presente. Por hora, me recolho a transformar essa minha atípica vivência de futuro em um momento presentificado nesse texto que divido com quem estiver me lendo. Não estou em boa posição para divagar muito mais sobre este ou qualquer outro tema. Mas, como eu já disse, também não quero ficar parada, refém de um futuro que não chega, saudosa de um passado que eu quero que volte, ou presa em um presente que me limita. Vou buscando, assim, nas palavras temporãs, nas leituras fora de época, encontrar de novo a minha primavera, na tentativa de aprender a esperar e respeitar o seu próprio tempo. Não é uma busca passiva, se vocês podem me entender. Procuro enxergar que não estou nessa estrada parada, mas em um movimento sutil, como o dos seres pequeninos no mundo que, para os grandes, é invisível.