Eu, que não tenho iphone, ipad, inada, tenho um modelo mais
antiguinho do ipod. Retomei o uso dele há mais ou menos um mês (quando voltei a
fazer exercícios físicos - um clássico) e percebi como estava com saudade dele
assim, só depois de voltar a usá-lo. Tenho dessas. Percebo saudades no momento
em que estou justamente, ou supostamente, matando ela. Pois bem, estou aqui,
falando do ipod, que é antiguinho no modelo, para dizer que antigo também é o
que está lá, guardado nele. Assim, no estilo veinho por dentro e por fora. E
quando eu volto a pensar no meu ipod sempre protelo em pegá-lo, pois fico
imaginando que eu deveria atualizá-lo, por novas músicas, trocar algumas e
tals. Ah, que trabalho chato! Deixo pra lá. Quando eu resolvo pegar ele, do
jeito que está mesmo, e começo a ouvir meus velhos “disquinhos”, então entendo
tudo. Tudo! Entendo porque eu fico protelando para atualizá-lo, porque eu largo
ele de tempos em tempos, porque eu acho um saco trocar os arquivos de música. Entendo
mais sobre mim mesma, podem acreditar. Vocês podem não querer saber (então
parem de ler aqui, agora. Depois não digam que não avisei), mas eu sou essa:
não fico querendo descobrir novos sons, novos artistas, novos discos. Não quero
saber nem dos discos novos dos artistas que eu gosto. Aceito surpresas, é
claro. Mas não procuro. Não mesmo. Tem que ser muito insistente a novidade pra
chegar até a mim. Lembro que com a amy wine house eu cheguei ao absurdo de não
querer ouvir, mesmo quando uma amiga colocava e dizia: “- ouve”. E olha, acho
que nunca consegui me abrir de fato para ela como poderia ser, se eu não fosse
eu. Digo isso porque intuo que poderia me entregar bem mais à Amy se fosse tudo
uma questão de gosto apenas. Mas não. A questão aqui é bem mais complexa.
Trata-se de uma alma, para meu desgosto, irremediavelmente fiel. Uma fidelidade
ridiculamente canina, sabem? Por favor, me deixem com meu velho repertório
musical! Mal consigo dar conta dele, por que coisas novas??? (claro que eu sei
porquê, mas por que???). Antes que vocês comecem a me crucificar e me cuspirem
pelo meu embotamento musical, pelo meu parco conhecimento, que quer se fechar
em seu cantinho aconchegante ao invés de explorar novos horizontes, ampliar as
“portas da percepção”, deixa eu tentar me explicar. Música, para mim, é como o
amor. Gosto das redescobertas. Um jeito de sorrir que eu não tinha reparado
antes. Um solo que tinha me escapado. Um olhar distante: “-no que será que ele
está pensando?”. Um verso que, de repente, passa a fazer um novo sentido. Penso
que reconquistar alguém é muito mais difícil que conquistar pela primeira vez. E
penso também que se permitir ser reconquistado (a) é uma tarefa não mais fácil.
Permitir que antigas canções me reconquistem tem esse gostinho: de realizar uma
tarefa difícil, que às vezes parece até impossível. Não estou querendo dizer
que a chegada de novas canções impeça esse momento. É que para mim, fica mais
difícil quando eu me perco em mundos de novos estímulos, conseguir me perder
nos estímulos conhecidos. E, vou dizer, eu ADORO me perder nos estímulos
conhecidos. Eu amo me apaixonar novamente pela mesma pessoa.
2 comentários:
Ju, achei ótimo este texto. Engraçado como você consegue escrever tanto sobre algo que pode ser dito com apenas uma frase. É interessante observar suas argumentações e conexões.
Ju, achei ótimo este texto. Engraçado como você consegue escrever tanto sobre algo que pode ser dito com apenas uma frase. É interessante observar suas argumentações e conexões.
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