Um pensamento: aprendi desde muito cedo a usar minha liberdade (para o bem ou para o mal). Isso quer dizer que aprendi a usar e não a abusar. Tudo graças a minha mãe, que acreditou que eu podia fazer isso desde bem novinha mesmo. Como tudo na vida, essa aposta da doutora também teve seu preço (eu pago e ela também), mas eu digo a vocês que toda vez que eu vou tentar adentrar mais na natureza humana, especialmente a contemporânea (da minha geração, inclusive), eu penso que tenho um orgulho sem modéstia de estar pagando essa conta aí. Acho uma pena a herança do individualismo moderno que recebemos ter se tornado essa patética incapacidade do privado para dialogar com o domínio do público (e desconfio que vale um "e vice-versa" aqui). Em tempos de eleição essas considerações parecem ganhar ainda mais força, no entanto, podemos olhar ao redor, do nosso ladinho, nas mais íntimas relações, na mais próximas, nas mais familiares e as considerações continuam valendo, e como! Sem nenhuma intenção de fechar o discurso, de estar certa, me permitam apenas essa tentativa de conversa. Vou postar mais alguns links aqui relacionados.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-ascensao-conservadora-em-sp/
http://palomaguedes.com/2012/09/24/onde-sao-paulo-vai-parar/
http://sociotramas.wordpress.com/2012/09/17/supermercados-de-gente/
E finalmente, obrigada, mãe!
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
corações
Sobre esse mundo de desencontros e nossa busca quase quixoteana pelo amor, uma passagem hoje eu queria deixar registrada. Um amigo me falou de um projeto muito interessante dele que envolve arte digital, alguma matemática e, vejam só, amor. Eu tenho uma espécie de projeto também, só que é pessoal e mais se encaixa na definição de um hobby. Fotografo coisas em formato de coração que cruzam o meu caminho. E passei, aos poucos, a atribuir um sentido quase mágico a esse cruzamento do acaso com a minha interpretação, meu olhar que vê corações nas coisas do dia-a-dia. Até agora tenho dois: uma folha, em cima da qual eu pisaria por um milésimo de segundo e uma mancha de nódoa no meu único sobretudo preto, único que aguenta de verdade o frio paulistano. Voltando ao meu amigo, ele iria começar a me descrever o projeto e, não intencionalmente, a largada já foi uma metáfora muito apropriada para ambos projetos, o meu e o dele, assim como muito provavelmente para nossas vidas. E para a vida de quem não seria, me pergunto, melhor dizendo. Segue um trecho da conversa (sem nenhuma obrigação com a verdade, por favor):
VJ pixel: estou pesquisando corações
Juana: an???
Juana: ah, claro! eu tenho uma foto de uma folha em formato de coração, serve?
VJ pixel: estou procurando algo mais...
VJ pixel: estou pesquisando corações
Juana: an???
Juana: ah, claro! eu tenho uma foto de uma folha em formato de coração, serve?
VJ pixel: estou procurando algo mais...
pixel
Vj pixel: mas pode servir pra outra coisa!
Vj pixel: digo, é uma boa coincidência que pode virar algo :) http://pinterest.com/vjpixel/pixel-art/
Juana: qd vc escreveu "pesquisando corações" achei engraçado pensar no sentido metafórico, pois talvez fizesse sentido pra vc tb...
Vj pixel: não havia pensado nisso
Juana: vou escrever sobre no meu blog, certo?
Vj pixel: sim!
E aí está, portanto. Linhas que incidem sobre outras que incidem sobre outras e assim vão, formando essa teia de pequenos encontros sobre amor, por amor, de amor, enfim...
Um dia outro amigo querido me falou sobre uma pesquisa-brincadeira dele e outro amigo que se chamava "antropologia do amor". Certamente não me lembrarei aqui do que se tratava mesmo, mas lembro que ele me contou isso por um "encontro" também de pensamentos. Eu falava sobre minha hipótese do amor correspondido como a única possibilidade de amor na sua essência (essa daí eu deixo a explicação para outra hora, outro texto) e ele me explicou essa tal de antropologia do amor! Me lembro de ter sido legal falar disso, mesmo que estivéssemos na verdade sendo completamente ridículos, ou infantis, ou bobos mesmo. Era mais um encontro, dos tantos, dos raros, de amor!
"eles partiram por outro assuntos, muitos
mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
(...)
qualquer maneira de amor vale o canto
qualquer maneira me vale cantar
qualquer maneira de amor vale aquela
qualquer maneira de amor valerá"
(paula e bebeto - milton nascimento)
domingo, 16 de setembro de 2012
sábado, 15 de setembro de 2012
chame como quiser
(suspiros de sábado à noite)
Estou com uma leve dor de elevador. Meu pai deu esse nome a essa coisa que a gente sente que sobe e desce da garganta ao estômago, sabem? Mas ele costumava chamar isso de uma emoção que podia ser boa até. Ele dizia: "filha, quando eu te vejo chego a sentir dor de elevador". É tão bom lembrar disso... mas eu não estou sentindo uma emoção do tipo nessa minha dor de elevador. Só sei que sobe e desce, como elevador também. Mas não há nenhuma expectativa feliz nela, também nenhuma pista de melancolia. Tem alguma saudade, eu percebo. Um vazio onde a saudade pode caber direitinho, apesar de ser essa a emoção mais identificável no meio de centenas de outras que eu talvez não saiba o nome, ou talvez não tenham nome mesmo. Mas aperta e aperta. E falta. Falta demais. É falta demais! Já me perguntei se era só o buraco sem fundo que eu tanto já conheço. Aquele poço escuro cheio de eco que me é tão familiar. Dessa vez acho que não. Me parece mesmo é que algo muito importante, pelo qual eu tinha delicado afeto, me foi roubado. Nenhuma agressão constatada, mas a esperança que estava aqui ficou bem machucada. Um caso complicado, mas, vejam bem, suspeito quem seja o culpado. Sigo as marcas que ele deixou pois elas estão espalhadas em tudo que me tornei, por todos lugares que eu cheguei. Não quero prendê-lo ou confrontá-lo, muito menos colocá-lo no banco dos réus, isso não. Quero entender seus motivos, fazer dele meu amigo, perdoá-lo por todos seus crimes. Quero desvendar seus disfarces, permitir seus mistérios, nas esquinas onde ele se esconde, me encontrar. O nome dele eu não irei revelar pois tenho a convicção de que todos o sabem, preferem, no entanto, não pronunciar. Talvez pelo medo que ele se vá carregando os sonhos que cada pessoa ainda tinha para sonhar. Ele (ou será ela?), meu suspeito, há de um dia se confessar. Eu espero, eu torço, eu acredito. Esse dia fará sol e terá cheiro de limão. As casas estarão de portas abertas sempre e as pessoas cantarão juntas uma mesma melodia improvisada. Assim eu imagino.
Estou com uma leve dor de elevador. Meu pai deu esse nome a essa coisa que a gente sente que sobe e desce da garganta ao estômago, sabem? Mas ele costumava chamar isso de uma emoção que podia ser boa até. Ele dizia: "filha, quando eu te vejo chego a sentir dor de elevador". É tão bom lembrar disso... mas eu não estou sentindo uma emoção do tipo nessa minha dor de elevador. Só sei que sobe e desce, como elevador também. Mas não há nenhuma expectativa feliz nela, também nenhuma pista de melancolia. Tem alguma saudade, eu percebo. Um vazio onde a saudade pode caber direitinho, apesar de ser essa a emoção mais identificável no meio de centenas de outras que eu talvez não saiba o nome, ou talvez não tenham nome mesmo. Mas aperta e aperta. E falta. Falta demais. É falta demais! Já me perguntei se era só o buraco sem fundo que eu tanto já conheço. Aquele poço escuro cheio de eco que me é tão familiar. Dessa vez acho que não. Me parece mesmo é que algo muito importante, pelo qual eu tinha delicado afeto, me foi roubado. Nenhuma agressão constatada, mas a esperança que estava aqui ficou bem machucada. Um caso complicado, mas, vejam bem, suspeito quem seja o culpado. Sigo as marcas que ele deixou pois elas estão espalhadas em tudo que me tornei, por todos lugares que eu cheguei. Não quero prendê-lo ou confrontá-lo, muito menos colocá-lo no banco dos réus, isso não. Quero entender seus motivos, fazer dele meu amigo, perdoá-lo por todos seus crimes. Quero desvendar seus disfarces, permitir seus mistérios, nas esquinas onde ele se esconde, me encontrar. O nome dele eu não irei revelar pois tenho a convicção de que todos o sabem, preferem, no entanto, não pronunciar. Talvez pelo medo que ele se vá carregando os sonhos que cada pessoa ainda tinha para sonhar. Ele (ou será ela?), meu suspeito, há de um dia se confessar. Eu espero, eu torço, eu acredito. Esse dia fará sol e terá cheiro de limão. As casas estarão de portas abertas sempre e as pessoas cantarão juntas uma mesma melodia improvisada. Assim eu imagino.
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