terça-feira, 23 de março de 2010
Ansiedade?
sexta-feira, 19 de março de 2010
notas sobre o amor
Os dois deitados em uma cama, pós-sexo – no fundo vemos a decoração com posters de filmes –“ Before Sunset”, “E o vento Levou...”, fotos diversas dela (inclusive com ele), uma gravura de Klimt – o beijo, vemos também a frase “all we need is Love”, entre outras parafernálias de quartos.
Ela: Sabe o que eu acho? (acende um cigarro)
Ele: Han?
Ela: Que o amor só existe quando é recíproco...
Ele: (Olhar de “lá vem maluquice”)
Ela: Sério. Pensa... quando você supõe amar alguém que não lhe corresponde, como saber se é amor de verdade e não uma obsessão? O que eu penso é: será que você continuaria mesmo amando esse ser se ele lhe correspondesse? Nunca essa resposta será obtida a não ser que este outro comece a lhe corresponder. Só que uma vez correspondido você automaticamente já não tem apenas a variável “eu amo você”, ta acompanhando?
Ele: Não. (sem interesse e pega uma revista de notícias da semana ao lado da cama)
Ela: Então, aí é que vem o grande lance da coisa toda, quer ver? (sem esperar resposta) No momento em que o amor do outro lhe é correspondido você deixa de amar apenas a pessoa do outro, mas passa a amar o pacote todo, o outro e o amor dele por você. Não é demais????
Ele: Não!!! (enfático, sem acreditar que ela não para de falar e nem está de fato ouvindo suas respostas)
Ela: É uma questão de lógica! Se eu amo uma pessoa sem ser correspondida eu não posso afirmar que é amor. Se eu amo alguém que me ama eu não posso afirmar que amo apenas esse alguém. Então eu SÓ posso afirmar que o amor SÓ pode existir entre duas pessoas, sacou??? “In between”, pegou??? O amor é dialógico! Não é incrível??? (extasiada consigo mesma)
Ele: Não (desistindo de continuar na cama e largando a revista...)
Ela: Onde você vai?
Ele: Banheiro... cagar!
Ela: Ah... tá... (apaga o cigarro, se aconchega na cama e pega seu livro de cabeceira “A dor de amar de Nasio”)
(No rádio-despertador de cabeceira está tocando Harvest Moon – Neil Young)