quarta-feira, 19 de novembro de 2008

de chato e louco, todo mundo tem...

Eu não tenho bagagem suficiente para fazer uma verdadeira análise fílmica não, mas vou falar o que eu sinto. Gostei bastante de Vicky Cristina Barcelona. Muito mais do que de Match Point, sinceramente. Não vou dizer que é um Zelig (citei apenas meu preferido de Allen), mas achei muito gostoso de assistir, ao contrário do badalado Match Point, que achei em vários momentos chato e pretensioso e chato de novo. Quanto às críticas que se referem à quantidade de Gaudís, Mirós e às cores excessivas como uma ofensa à Barcelona, acho todas também muito chatas. Coisa de gente chata (risos). A suposição de que Woody Allen só fez o filme por causa do financiamento é totalmente desnecessária para que eu goste ou não da obra. Concordo que Penélope Cruz ofusca Scarlett Johansson, mas achei que Rebecca Hall teve seu lugar. Quanto ao comentário de que Allen deu umas “chupadinhas” em Almodóvar, ahhhh, qual é??? Vai dizer que Pedrinho não curte uma chupadinha? E se não também, o problema é dele. Me interessa pouco a visão de Allen sobre Barcelona, que na minha opinião foi só a de um turistão, que é o que ele é (e acho bacana inclusive se assumir isso). Me interessa mais ver o que ele faz de melhor, dissecar as neuroses humanas em tragicomédias fluídas e instigantes em um cenário charmoso, seja ele com o olhar nativo (para os clássicos nova-iorquinos dele), ou de turista americano. Em Vicky Cristina Barcelona as representações das neuroses mais comuns de todos nós estão muito bem dispostas (e Allen sabe brincar com isso como ninguém) e entrelaçadas com as dores e delícias do que simboliza a loucura. As personagens neuróticas são chatas e pequenas diante do aparecimento de Maria Elena, a louca. Ao mesmo tempo são as possíveis (funcionalmente falando), assim como seus relacionamentos são os possíveis, diferente dos protagonizados por Javier Bardem (Juan Antonio) e Penélope Cruz (Maria Elena) que são “impossíveis” e por isso “eternos”. Em outros roteiros do diretor que li há pouco em uma pequena coletânea chamada Adultérios, também enxerguei um pouco do mesmo “elogio à loucura” que vi em Vicky Cristina Barcelona. Ao mesmo tempo parece existir também uma habilidade de por ela (a loucura) em seu devido lugar, sabe? É um elogio sem inveja, do tipo “você é muito inspiradora, mas eu não consigo conviver com você”. Enfim, talvez em outras vidas, um dia todos nós tenhamos que ser loucos, lidar com a realidade sem filtros metafóricos ou simbologias para alcançarmos patamares mais evoluídos de espiritualidade... será? Não sei. Não sei disso, nem de nada. Mas como eu disse no meu fotolog: “já fui Vicky... me tornei Cristina. Um dia serei Maria Elena”.

sábado, 8 de novembro de 2008

all you need is love?

E veio a mim um pensamento assombroso na cabeça… (de repente estão vindo outros que não têm nada a ver com o primeiro, mas vou me concentrar para falar deste que, afinal, veio antes). Pensei que, devido a alguns exemplos recentes que tenho acompanhado, talvez os homens, em geral, só se apaixonem perdidamente de fato pelas mulheres que os maltratam. Sei que sempre costumo achar generalizações burras. Burras mesmo. E claro que eu acredito que minha observação não se aplique a qualquer homem, mas tenho que admitir que estou suspeitando que ela se aplique bastante ao homem médio (ou seria à média dos homens? Ou os dois? Afinal a média dos homens é habitada pelo homem médio, não?).
Acredito que existem aqueles, em patamares mais elevados de sensibilidade e sofisticação de alma, que são capazes de ter esse tipo de apaixonamento arrebatador pela sua mulher companheira, amiga, amante, blá, blá, blá... Enfim, acredito também que devem haver espécies de brutamontes com o espírito das cavernas encarnado que não são capazes de se apaixonar por ninguém at all (não vale a pena explicar mais sobre esse tipo de homem. Quem quiser, ou puder, entenda).
Voltando ao homem médio. É lógico que podem se apaixonar, inclusive pela mulher que tem e que o trata bem. Mas o que pega aqui não é o conceito “se apaixonar”, mas sim o “perdidamente”. Meus trinta e poucos anos andam me dizendo que perdidamente esses homens só se apaixonam mesmo pela mulher que manda ele embora. A que, mesmo gostando, não hesita em excluí-lo da sua vida; a que arranja outro; a que arranja muitos outros; a que sempre quer ficar mais em uma festa do que ir pra casa com ele; a que sai com os amigos direto do trabalho em uma sexta à noite e só volta no sábado à tarde; a que não liga se ele não ligar; a que não está em casa se ele demorar; a que viaja e não dá notícias; a que diz que o ama mas o deixa sozinho em uma mesa enquanto vai para a pista dançar com as amigas. E por aí vai...
O problema é que eu também não acredito que essa mulher que consegue fazer tudo isso realmente esteja dando vazão à sua paixão como ela queria. Ou então, talvez não esteja mesmo tão apaixonada assim. Então eu me pergunto: será que é possível que duas pessoas se entreguem completamente a uma paixão que consome? Será que será, Chico? Será que essa paixão que “desacata a gente (...) e é feito uma aguardente que não sacia” é possível coexistir em um espaço tão pequeno de dois seres ainda que se amem? E a tal lei da compensação?
Penso que talvez não exista esse tipo de amor apaixonado vivido a dois que um dia eu achei que sim, como possivelmente toda mulher que foi menina nos anos oitenta e cresceu assistindo o amor romântico/burguês da novela da Globo. Acredito mais em momentos. Em momentos de cada um. Poderia dizer uma briga de momentos, afinal muitas vezes os jogos amorosos são verdadeiras disputas, mas prefiro pensar em um balé dos momentos. Uma dança a dois onde um sempre espera o solo do outro, mas é capaz de acompanhá-lo com o mesmo enleve que envolve o seu coração durante o seu próprio solo (I hope so!).
E, como todo mundo sabe, para se apaixonar basta estar vivo e ser capaz de apostar. Um dia eu me casei (e já separei rs) e tive um buquê de lírios. Adorei quando descobri o significado dessas flores. Os lírios “dizem”: “- Ouse me amar”. Acho que é isso sempre não? Somos sempre muito ousados quando nos metemos a amar alguém. E, para mim, ousadia é uma mistura de coragem com espírito desafiador. Como se o ousado fosse capaz de se jogar em uma causa já perdida... e (mais uma vez eu e meu “talvez”) talvez se apaixonar seja essa aposta que fazemos em uma causa já perdida.
No final das contas, eu ainda acredito no amor. Imagino que seja para isso que estamos aqui inclusive. Só não creio em encontros perfeitos de almas gêmeas, digamos assim.
Comecei esse texto no intuito de culpar os homens pela destruição das ilusões amorosas femininas. Mas fui conversar com meu namorado antes de terminar de escrever e ele me convenceu que não se trata de homens que gostam de ser maltratados, mas sim de pessoas. Sim, me parece mais sensato isso. Só que lá, no fundinho do meu coração de mulher, não posso negar um sussurro feminista que ainda insiste em soprar no meu ouvido que, na verdade, a culpa de tudo que dói na gente é sempre dos homens (risos).

terça-feira, 4 de novembro de 2008

... e tempo é dinheiro

Treco relativo é mesmo o tempo, não é não? Tempo que passa rápido, tempo que se arrasta, tempo que não passa nunca e são todos sempre o mesmo tempo. Há tempos meus dias passam muito rápido, rápido mesmo. Quando eu vi já não deu tempo de fazer metade do que eu tinha me programado pra fazer. Na verdade o tempo só foi devagar para mim quando eu era criança mesmo. Depois disso ele só quer passar voando. Na verdade também preciso confessar que eu sou praticamente um bicho-preguiça. Tudo meu é devagar quase parando. Minhas amigas que o digam que me agüentam no meu eterno atraso para qualquer coisa que se marque. Outro dia eu estava assistindo Charlie e Lola com meu filho bebê e vi um episódio que era meu mais fiel retrato. Charlie explicava que sua irmãzinha Lola sempre se atrasava para qualquer ocasião, mas Lola retrucava justificando que ela tinha muita coisa para fazer: ela precisava escovar os dentes do leão, espantar as baleias da banheira antes de tomar banho, achar o casaco dos cachorros dançarinos antes de sair e em cada uma dessas atividades ela gastava preciosos minutos perdida entre suas fantasias. Olha eu aí. Cada coisa que eu tenho para fazer, tenho mais um milhão de pensamentos para pensar e cada um deles exige muito de mim. Não dá pra pensar enquanto se faz coisas. Eu perco preciosas horas pensando, ou pior, fantasiando. Oito anos de análise e ainda tento descobrir o que fazer de produtivo com isso. Sei não. Segundo Lars von Trier, só matando. Pelo menos foi esse o final que ele deu àquela personagem Selma, interpretada por Björk, em Dançando no Escuro, lembram? Ela é condenada à forca... por enquanto só estou condenada à prisão do tempo. É ele que me limita a fazer tantas coisas que eu poderia se ele me desse um pouco mais de si! Preciso dele pra sonhar e pra agir. Preciso dele mais do que o que ele pode me dar. Isso não é nada bom em uma relação, pensando bem. Talvez seja isso. Uma questão de ajustar os ponteiros desse relacionamento. Talvez eu e o tempo estejamos precisando somente de um novo recomeço. Eu começo sendo menos exigente e ele menos castrador. Na prática, quero refazer meu projeto de mestrado, quero preparar umas aulas, quero filmar um roteiro que eu mesma escrevi, quero aprender mais sobre internet e disponibilização de material na mesma, quero fotografar, quero escrever minhas coisas sem utilidade, quero cuidar do meu filho, namorar, sair, me exercitar, ir ao cinema... é só isso.

domingo, 19 de outubro de 2008

sexo com amor

Assistindo a todos os episódios de Sex and the City pela segunda vez. Meu atual namorado-roomate-pai-do-meu-filho (assim como meu ex-marido) acha muito chato. Ele acredita que assistir ao seriado torna as mulheres mais chatas. Realmente, na primeira vez que assisti, Sarah Jessica Parker, a protagonista Carrie, me parecia um pé no saco. Mas sabem, agora não mais. Quer dizer, ela ainda é meio enfadonha às vezes sendo sempre a melhor amiga de todas as outras “sexies girls” e outras cositas más. Dessa vez estou mais aberta à Carrie talvez. Ela é chata, mas é legal. É que ela representa mesmo toda essa chatice que é um protótipo feminino clássico e que todas nós queremos esconder. Claro que não somos só isso, mas somos tudo isso também, umas menos preocupadas com moda, mas com relacionamentos, outras menos com relacionamento, mas com a crítica dos outros, outras em serem boas amigas, outras fabulosas, enfim... mais ou menos todas temos um pouco de Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha. Mas não é possível esquecer que todas elas são passadas ao público através dos olhos de ninguém mais que a própria Carrie. De certa forma, isso acaba tornando a personagem una, como se não conhecêssemos mais nenhuma das outras, apenas Carrie e como ela vê as suas amigas. Sendo assim, se eu gosto das amigas juntas, gosto de Carrie por tabela... Tem algo na maneira como ela retrata as amigas que eu, particularmente, aprecio e compartilho. A personagem de Carrie é mostrada em todas as suas nuances, mas as amigas são mais caricatas: Miranda, a trabalhadora, Charlotte, a ingênua/certinha, Samantha, a safada. Acho interessante pensar sobre esse estilo adotado para contar a história. Não sei como são as outras pessoas no mundo neste quesito, mas quanto a mim, sim, essa é a forma que eu absorvo a personalidade das minhas amigas. Não quero dizer com isso que não sou sensível às nuances de cada uma, pois acredito que sou. Assim como também na série não é apenas a caricatura das amigas que é mostrada. A questão não é essa. Apenas existe um ponto de vista sempre em evidência, que é o da personagem que conta a história. O que torna a narrativa interessante, na minha opinião, é o fato de que esse ponto de vista reflete um olhar muito próximo à forma que o meu psiquismo atua em casos semelhantes. Realmente eu tenho uma caricatura para cada uma das minhas amigas, e, antes que alguém pense que essa prática é fruto de uma atitude muito crítica, quero dizer que é exatamente assim que eu torno cada uma delas tão especial para mim e estabeleço um lugar seguro e salvo para cada uma de quaisquer comparações. Eu tenho minha própria Samantha, minha Miranda e minha Charlotte e tenho frações de cada uma delas espalhadas em outros nomes que serviriam para mais uma dezena de personagens já que eu não tenho que por todas elas em um seriado, certo?
Sex and the City é uma série que, além de NY, fala de relacionamentos e de homens em vozes que soam às vezes pra lá de fúteis. Talvez isso aterrorize nossos respectivos parceiros. Mas querem saber? Adoro tudo que não tem medo de ser. Adoro o que não tem medo de ser fútil, de ser brega, de ser machista, feminista, de ser sexy, depravado, conservador, etc. Não tenho saco para meias palavras em relação à arte e a expressão comunicativa. Ninguém precisa ser uma coisa só, ou uma figura caricata, mas não ter medo de expressar uma caricatura de si, de uma história, de um cenário é fantástico pois muitas vezes é assim que enxergamos o que existe de especial em cada um. Além do mais Sex and the City especializa uma das mais importantes jóias que o mundo feminino pode nos proporcionar: a relação de amor com as nossas amigas. E tenho dito.

Para todas as minhas queridas irmãs do coração.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Diálogos # 1

- Mamãe!
- É o que Tom?
- Mamãe, mamãe!
- Sim, filho!
- A-ga ma piu pou coco
- Claro, filho!

(o amor é poliglota)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A.

16/05/2008


Ontem errei o meu destino quando fui encontrar uns amigos num bar da Augusta à noite. Me chamaram para um lugar que seria ao lado da minha casa e eu fui parar uns três ou quatro quarteirões depois. Foi uma caminhada dispensável pra manter a forma física, já que nesse quesito nada anda mantido mesmo, mas serviu pra alimentar a alma. A rua cheia de noite pra todos os lados, só que uma noite como eu gosto, uma noite acordada. Carro pra caralho, gente falando um bla, bla, bla que vira um zunido uniforme no ouvido – e gente fala, viu? Que bom! – sinais abertos, sinais fechados, letreiros coloridos e a noite paulistana pulsando no meu caminho. Tem uma coisa curiosa nesse meu gosto pela noite – pensamento incidental: uma vez eu disse a Thiago (Trad, do Cascadura) que eu achava que gostava da noite porque na verdade preferia dormir de manhã, já que tenho medo de dormir sozinha à noite com tudo quieto e escuro. Ele nem achou uma maluquice (aleluia!) e até comentou que suspeitava que isso acontecia com ele também. Tá aí, se eu for mesmo maluca, ao menos não estou sozinha.
Augusta e eu, ali. Sentindo que estava novamente fazendo parte da noite, uma respiração nostálgica me ocorreu. Sabe aquelas saudades que a gente tem não sabe de que? Eu tenho essas saudades. Até a poluição no ar dava um tom mais dramático à cena. Sim, porque eu vejo a poluição, né? Vejo, sinto o cheiro e, se continuar nesse processo esquizo-caçadora-de-poluição, em breve vou tatear ela e tudo! Ai, ai... sim, a Augusta! A Augusta é um encanto. De noite ela é imbatível. Nas manhãs de domingo, no entanto, é o pior lugar do mundo. Cocô de gente e bêbados pelo chão. Quero passear de carrinho com meu filho e aproveitar o pouco fluxo de carros, mas me rendo ao fato de que é impossível tentar transformar a Augusta em uma garota do bem, de família e diurna. A moça é da boemia, da cachaça na madrugada, da dose de tequila a mais na saideira, da sinuca nos porões dos botecos, da fumaça de cigarro e monóxido de carbono, das putas quase sem roupa nas calçadas mesmo nas noites mais frias, dos porteiros/seguranças das casas noturnas que mantêm a ordem e protegem o cidadão augustano. Ah, Augusta, meu destino é abandonar-te algum dia... e eu que já te quis tanto.
Hoje eu preciso morar na Europa. Tem uma aqui pertinho e chama-se Higienópolis. Preciso de um emprego perto de casa, de grana para pagar um lugar onde tudo é mais caro sabe-se lá porque e também para pegar o táxi, pois não tem metrô lá por perto. E qualidade de vida é não ter carro, lógico. Se um dia eu sentir saudades novamente, dá pra pular a cerca sem nem fazer muito esforço. A Augusta será minha vizinha gostosa. É uma vagabunda que nunca vai deixar de estar disponível mesmo para mulheres e homens casados. E eu terei enfim minha vida dupla feliz e satisfeita: moradora da pacata Higienópolis durante os dias e freqüentadora clandestina da Augusta em algumas ardentes noites. Delícia. Ah, Augusta!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Não nasci pra ter blog

Putaquepariu que eu vivo esquecendo esse blog!

Esqueço de vir visitar, nem sabia que tinham cinco comentários no último post... quando venho, esqueço a senha, blé! Tenho um monte de texto guardado em uma caixinha chamada "meus textos" que fica em "meus documentos", no meu computador que quase todos estão sem fim, aliás, quase todos estão exatamente na metade, blé de novo.... que diabos eu quero com blogs???? Na verdade, eu prefiro fotologs. Para mim, blogs parecem pedir textos mais longos, mais trabalhados e fotologs bastam legendas, alguns textinhos se dá vontade também. Ah, fotologs cabem letras de músicas também. Enfim, minha rotina combina mais com fotologs, mas não pretendo me desfazer disso aqui extamente não. Só não sei o que vou fazer direito com isso. Deixa aí, de vez enquando apareço e vamos ver no que é que vai dar...