Não acredito que o que eu escrevo seja belo e sei que isso pode parecer “falsa modéstia” já que me arvoro a escrever em um blog. Faço isso porque me dá algum prazer, inclusive quando não me dá eu paro por um tempo bem longo, como vocês já puderam notar. Também não me interessa explicar isso muito. Só comecei dizendo o que penso sobre meu modo de escrever porque quero falar sobre coisas que eu leio e acho lindas de se ler. Não me emociona o que não tem verdade. Que fique claro que sou uma fã confessa da mentira. E o que me emociona pode ser uma grande mentira cheia de verdade. Talvez me falte a palavra ideal para dizer a vocês o que chamo de “verdade”. Talvez seja aquilo de menos lapidado pelo superego que esteja refletido em um texto, ou em qualquer obra, qualquer expressão de beleza. Talvez eu queira dar um nome ao que já foi chamado de “belo” ou de “ sublime” ou de “ paixão”, sei lá... Mas nenhuma dessas palavras me ajuda, de fato, a expressar como eu percebo esse momento de flerte entre um objeto cheio de subjetividade, que é uma criação artística, e um sujeito desejante do objeto, ou seja, nós que fruímos a obra. Sobra dizer que o meu prazer, a minha emoção, o meu lúdico se envolve com algo que me parece sair das entranhas de um ser, mesmo que na obra este mesmo ser já me pareça morto, o que também, provavelmente, confere sua cota de beleza à mesma. O que movimenta em mim tudo aquilo que seja orgânico, psíquico, partículas, ou sutilezas de toda ordem, vem do que saiu de dentro, mesmo que o que venha de dentro não tenha absolutamente verdade alguma, por exemplo. Qualquer coisa menos ou mais que isso desanima meus sentidos para o mais prazeroso dos exercícios que eu me proponho a fazer: desenvolver minha sensibilidade. Não sei se isso é coisa somente que me serve, ou tem, para outros, também algum valor. Fica uma observação: na minha mais sincera opinião, até o presente momento, a paixão, o belo e o sublime se dão justamente na conexão. Mas isso é assunto pra uma outra postagem.
domingo, 25 de abril de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Ansiedade?
sexta-feira, 19 de março de 2010
notas sobre o amor
Os dois deitados em uma cama, pós-sexo – no fundo vemos a decoração com posters de filmes –“ Before Sunset”, “E o vento Levou...”, fotos diversas dela (inclusive com ele), uma gravura de Klimt – o beijo, vemos também a frase “all we need is Love”, entre outras parafernálias de quartos.
Ela: Sabe o que eu acho? (acende um cigarro)
Ele: Han?
Ela: Que o amor só existe quando é recíproco...
Ele: (Olhar de “lá vem maluquice”)
Ela: Sério. Pensa... quando você supõe amar alguém que não lhe corresponde, como saber se é amor de verdade e não uma obsessão? O que eu penso é: será que você continuaria mesmo amando esse ser se ele lhe correspondesse? Nunca essa resposta será obtida a não ser que este outro comece a lhe corresponder. Só que uma vez correspondido você automaticamente já não tem apenas a variável “eu amo você”, ta acompanhando?
Ele: Não. (sem interesse e pega uma revista de notícias da semana ao lado da cama)
Ela: Então, aí é que vem o grande lance da coisa toda, quer ver? (sem esperar resposta) No momento em que o amor do outro lhe é correspondido você deixa de amar apenas a pessoa do outro, mas passa a amar o pacote todo, o outro e o amor dele por você. Não é demais????
Ele: Não!!! (enfático, sem acreditar que ela não para de falar e nem está de fato ouvindo suas respostas)
Ela: É uma questão de lógica! Se eu amo uma pessoa sem ser correspondida eu não posso afirmar que é amor. Se eu amo alguém que me ama eu não posso afirmar que amo apenas esse alguém. Então eu SÓ posso afirmar que o amor SÓ pode existir entre duas pessoas, sacou??? “In between”, pegou??? O amor é dialógico! Não é incrível??? (extasiada consigo mesma)
Ele: Não (desistindo de continuar na cama e largando a revista...)
Ela: Onde você vai?
Ele: Banheiro... cagar!
Ela: Ah... tá... (apaga o cigarro, se aconchega na cama e pega seu livro de cabeceira “A dor de amar de Nasio”)
(No rádio-despertador de cabeceira está tocando Harvest Moon – Neil Young)